A dor da partida



 Minha avó materna se foi. Pra sempre desse mundo. Onze anos após a partida da minha outra avó.

Sofri na primeira partida, afinal, era a primeira vez que alguém tão próximo de mim morria (minha avó paterna era uma segunda mãe). Eu lembro da dor profunda, eu só tinha 14 anos. E ocorreu  no réveillon. Então todo fim de ano era só a lembrança daquela noite...
E agora, há duas semanas, foi a outra avó. A minha "Mãezinha", como era chamada pela maioria dos netos. Foi um choque para todos. Ninguém esperava ser tão repentino. Ela era forte, não parecia ter a idade que tinha, cuidava da casa e do meu avô doente.

A gente devia tá preparado, afinal, todo mundo se vai um dia, né? E ela já era idosa...
Ocorre que não é assim. Nunca estamos prontos. Nem pra ir nem pra aceitar a partida dos outros.

E quando a gente pensa que não vai sofrer, a gente sofre. Pensa que vai ser fácil conviver com a saudade, a lembrança do sofrimento nos dias antecedentes, de ver a pessoa em uma cama do hospital e não poder fazer nada. E você chora, mas sabe que foi melhor assim e chora de novo pois isso não diminui a sua dor....

Minha avó se foi. E agora eu não posso mais vê-la quando for visitar sua casa nas férias e feriados. Ela se foi. Então  não vai está lá fazendo aquela comidinha gostosa que só ela sabia fazer. Não vai está lá brigando por alguma coisa que ela acha que eu estou errada. E nem vai perguntar sobre meus namoros ou quando eu vou casar.

E agora não adianta eu ficar triste por não ter feito certas coisas que podia quando ela estava aqui. Provavelmente eu devia ter sido mais carinhosa, ter ligado muito mais e ter ido passar o ano-novo na sua casa. Eu não o fiz. 

E dizem que a gente só dá valor quando perde, né? Mas será que sempre é preciso perder dessa forma? 

A gente sabe o que vai ocorrer e mesmo assim não aproveita enquanto aqui estamos juntos. Perdemos tanto tempo com coisas vãs que esquecemos de amar, dar carinho e mostrar o quanto as pessoas são importantes pra nós.

E um dia elas partem. Pode ser pra sempre.

E com você, só restarão lembranças, arrependimentos, remorsos e a dor da partida... Essa, essa dorzinha, é sem explicação.


2 comentários:

  1. É uma dor sem explicação mesmo, perdi minhas duas vozinhas também :(
    Sinto muito :(

    Beijos, seu blog é lindo!

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    Respostas
    1. Nós nunca estamos acostumados com a morte, não é mesmo?

      E quando as perdas vem uma perto da outra... o esposo da minha avó faleceu menos de dois meses depois.
      Dei uma pausa no blog durante esse tempo todo...muita dor e problemas pessoais. Contudo estou voltando às atividades ;)

      obg pela visita e elogio, volte sempre!

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